Publicado na MusicZine Imagine um lugar plácido, tranqüilo, onde você pode relaxar e frear por um instante o tempo, mantendo uma sombra sempre a lembrar que a vida não é apenas essa calmaria. Agora, imagine um grupo que faça músicas que te transporte para tal lugar, fazendo uso de uma voz suave e camadas e mais camadas sobrepostas de sons, sem soar banal como a música feita pelas bandas ditas "new age", que procuram te levar para o mesmo local mas sem sucesso. Esse grupo existe, e foi formado nos anos 80, atendendo pelo nome de Cocteau Twins. Para quem não conhece, o Cocteau Twins foi responsável por algumas das mais belas músicas da época, junto com bandas como Durruti Column e Felt, grupos que procuravam trabalhar mais com climas do que com melodias e ritmos, dentro do mesmo espírito do "Kid A", do Radiohead
Em 1983, Will sai da banda e o Cocteau lança o seu segundo disco, Head Over Heels, mostrando a formação de uma linguagem própria. As cascatas de guitarras sobrepostas continuavam e a voz de Liz se mostrava mais solta e trabalhada, criando uma rica série de texturas e o sentimento de transporte para outros mundos que se tornaria a marca registrada do grupo. Ao mesmo tempo que o som ficava mais delicado, Liz começava a se preocupar menos com as letras das músicas, e começava a trabalhar com fonemas desconexos, transformando as palavras em instrumentos a parte. Junto com a entrada do baixista Simon Raymonde tais pesquisas acabaram servindo de base para um dos trabalhos musicais mais geniais de todos os anos 80, o onírico e perturbador Treasure, de 1984.
Blue Bell Know sai em outubro de 1988. Aqui as camadas sobrepostas de riffs foram suavizadas, dando mais destaque à voz de Liz. Em 1989, o grupo inaugura seu estúdio próprio em Londres (September Sound), onde se dedicam ao próximo disco, Heaven Or Las Vegas (1990), que passa a contar com letras com algum sentido e com uma estrutura mais convencional, além de contar com a participação dos guitarristas Mitsuo Tate e Ben Blakeman. É a última gravação do grupo pela 4AD. Em 1992, o grupo assinou contrato com a gravadora Fontana, dizendo-se cansada de ser "mais uma banda da 4AD" e procurando uma maior independência musical. O álbum Four-Calendar Café (1993) tem como característica o fato de ser o primeiro trabalho em que guitarras soam como guitarras, além de ter letras com temas bem definidos, a maior parte relacionadas com a maternidade (Robin e Liz tiveram uma filha, Lucy Belle, nessa época). O guitarrista sentiu que as camadas e efeitos de suas gravações anteriores tornavam a sua música muito claustrofóbica, e assim reduziu-as ao mínimo possível, o que decepcionou um pouco antigos fãs do grupo. |
Em 1996 eles retornam com um trabalho ligado
mais ao seu antigo estilo: Milk and Kisses. Tal "retorno" serviu
de base para críticas de que o grupo havia estagnado, mas singles
lançados posteriormente mostraram que o grupo continuava inovando.
Contudo, tais inovações não chegam a resultar num novo
trabalho, já que a banda separa-se em fevereiro de 1998. Atualmente, Robin, junto com Siobhan De Mare, participa do grupo Violet Indiana, que faz parte do cast do selo Bella Union, criado por ele e Simon, onde trabalham principalmente como produtores. |
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Liz tem colaborado em vários trabalhos,
se destacando a participação na música Teardrop, do
Massive Attack, em 1998. Em 2000 estava sendo esperado o lançamento
do seu primeiro album solo pela Blanco Y Negro, mas nada ainda. Cabe destacar que durante os 14 anos que o grupo esteve junto, vários singles e EPs foram lançados, assim como participações em trabalhos de outros grupos e que serviu de inspiração para muitas bandas (como Dead Can Dance e Portishead) com seu som etéreo e único. Discografia:
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