História da Banda -
Por Fábio Gasparini
1984
Era o primeiro ano na faculdade (em Santo André) e acho que todo
jovem está sempre inventando alguma coisa para fazer ou se divertir.
Conhecer pessoas diferentes, com idéias diferentes e com conversas
diferentes eram coisas comuns, cada um ofereceria algo que você
procurava naquele momento. O Ivan era um cara que estava conversando com
alguém falando sobre música, tocar, violão e outras
coisas que me chamaram a atenção. Numa hora que apareceu
uma brecha eu emendei que gostaria de fazer vocal. Ele me apresentaria
o Hamilton, outro cara da faculdade que já havia tocado (guitarra)
com outras pessoas de São Bernardo do Campo. Depois conheci o Betão
(baterista do Ulster) e o Nelson (baixista), ambos através do Hamilton,
eles já eram velhos conhecidos, gostavam de vários tipos
de música(blues, progressivo, punk, new wave).
Algum tempo depois vieram o Célio (guitarra) e o Roberto Carlos
(teclado), mas eu não lembro como foi, eles apareceram na casa
do Betão e também eram da faculdade. Isso já é
outubro de 1984 e começamos a "tirar"algumas músicas
para ver no que dava.
1985
Viramos 1985 com algumas canções e em setembro entramos
pela primeira vez num estúdio para gravarmos umas cinco músicas
(uma delas, Ian, que está no cdr) e logicamente o resultado foi
apenas razoável, tanto que decidimos retornar ao estúdio
em outubro para gravar o que seria a demotape com duas músicas
principais (Noites e No Front, que estão no cd oficial 85/89) e
mais quatro ou cinco que foram apenas pré-mixadas e guardadas .
A formação que entrou no estúdio nas duas vezes era:
eu (Fábio), Célio, Betão e o Nelson. Gostamos do
resultado e agora teríamos que colocar a demo para "rolar".
Existiam pelo menos duas rádios que aceitavam demotapes por aqui,
a recém criada 89FM (antiga Pool) de São Paulo e FM97 (ainda
em Santo André). Muito bem. Foi levada a fita rolo para as duas
rádios, que aceitaram ouvir, e aguardamos para ver no que dava.
Isso foi no final do ano de 1985, eu saí em férias e
só voltaria no ano seguinte, no final de janeiro. Quando retornamos
a nos encontrar em fevereiro, Noites já tocava com uma freqüência
incrível na 89FM e foi assim durante mais de um ano. Quantas vezes
eu estava dirigindo e a música começava a tocar. Recordações
muito legais...
1986
O bom ano de 1986.
Nossa próxima etapa seria a de "pôr o pé na estrada",
as apresentações ao vivo, busca da auto-promoção
do grupo, a interação com o público (uma novidade
para a maioria de nós) e tentar ir adiante. Na verdade, o primeiro
show realmente aconteceu em 08 de dezembro de 1985, no Tênis Clube
de Santo André, mas com o primeiro show vieram os primeiros problemas.
O Nelson decide sair do grupo e..., bom..., só nos restava arrumar
um outro baixista, afinal todos nós queríamos fazer esse
show e caso não acontecesse o caminho do grupo estaria comprometido.
Nessa hora entra o Luizão (guitarrista do Ulster ) que topou fazer
o baixo e começamos os ensaios, tínhamos um mês. Se
não me engano o show aconteceu numa quinta-feira e o resultado
foi satisfatório, nervosismo à flor da pele, e um público
que ainda não nos conhecia, diferente de quando voltamos alguns
meses depois e encontramos a casa praticamente com a lotação
total, umas 900 pessoas.
Voltamos a 86, o Hamilton tomou o baixo como instrumento e seguimos o
que parecia ser uma rotina de contatos e apresentações.
Vale dizer que conseguimos tocar em várias casas de São
Paulo (sinto que para as bandas de tempos depois isso se tornou impraticável,
elas simplesmente sumiram), como Rose Bom-Bom, Madame Satã (essa
existe),Ácido Plástico, Anny 44 (tocamos?), Zóster,
Shock Bar (Radioatividade), inauguração de uma casa no Bexiga
o Kaleidos Bar, Cais, algumas outras e ainda o Centro Cultural de São
Paulo, o SESC Fábrica da Pompéia, todas fizeram parte de
um roteiro quase que
obrigatório para os grupos novos.
Deve ter sido por volta de abril quando o pessoal da Ataque Frontal (uma
gravadora independente de São Paulo) entrou em contato com o Betão,
através da 89FM. Foi acertado então a realização
de um LP que seria gravado em 16 canais no estúdio Vice-Versa em
junho. Foram gravadas 10 faixas (todas estão no cdr) e tínhamos
que preparar da capa e o encarte com as letras. A capa foi produzida por
João Batista e ficou muito boa (a capa do cd 85/89 é a versão
original do trabalho para a capa do LP). Master pronta, capa e encarte
prontos, tudo foi enviado para a fabricação e em pouco mais
de um mês teríamos o produto pronto, porém..., enfrentaríamos
uma crise no setor de papel que postergaria o lançamento do disco
em pelo menos 6 meses (só em fevereiro de 87 o disco estaria nas
mãos da gravadora). Algum tempo depois o Hamilton deixa o grupo,
eu me afasto por um período de três meses (?), quando volto,
no baixo já está o Alexandre Tadini, acho que conseguimosa
melhor formação nessa época.
1987
Alguns programas de Tv, alguns shows e a expectativa de "dar certo"
ou "acontecer" nos alimentava, a preocupação de
promover o LP para ser a base de um novo trabalho. Apresentações
na Tv Gazeta, programa Realce (do "Capivara") e Tv Cultura (Boca
Livre) 3 vezes ( todas com Tadini no baixo). Na última apresentação
do Boca Livre a música "Sonho" foi apresentada. Final
de 1987 rescisão de contrato com a gravadora Ataque Frontal
1988/1989
Entrada em estúdio para a gravação das músicas
"Sonho" e "Claridade e Luz". O grupo estava consolidando
a forma de composição e como a canção deveria
ser gravada, os arranjos que saiam da cabeça do Célio amadureciam
de acordo com aquilo que queríamos dar forma. "Sonho",
por exemplo, o Célio criou a música e eu me concentrei na
letra, foi tudo muito simples e espontâneo, "Claridade e Luz"
ele praticamente trouxe a peça pronta.
Mais três músicas foram preparadas em estúdio: "A
Onda", "Uma Nova Fase" e "Dias de Dúvida".
O resultado foi interessante e enviamos a fita (com as cinco músicas)
para uma gravadora "grande".
Outras quatro músicas foram produzidas mas não finalizadas.
9 de setembro de 1989: Célio deixa
o grupo, o Varsóvia desfaz-se...
...acho que a essência do ato de criar, tornou-se completa com o
reconhecimento daqueles que se identificaram com o que fizemos. Como quando
você, conversando próximo de alguém, além das
palavras, conseguiu perceber abrisa morna que saia da boca da outra pessoa
(a vida dela).
Texto sujeito a alteração
13/out/2002
Discografia:
VARSÓVIA - 1987
CD - 1997
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